terça-feira, outubro 6

Aqui não há pipocas # 21














Título:
Burn After Reading

Realização: Joel Coen & Ethan Coen
Elenco: George Clooney, Frances McDormand, John Malkovich, Tilda Swinton, Brad Pitt
Nacionalidade: EUA, Reino Unido, França, 2008
Duração: 96 minutos

Uma hora e meia de puro divertimento. Em Burn After Reading, os irmãos Coen trazem à tela uma excelente narrativa e fantásticas interpretações de personagens com quem rapidamente ganhamos uma grande empatia.

O leque de estrelas presente neste filme vive muito além da sua fama, conquistando o público num filme ligeiro, bem disposto e muito bem conseguido.

segunda-feira, agosto 3

Aqui não há pipocas #20












Título: The Baader Meinhof Complex
Realização: Uli Edel
Elenco: Martina Gedeck, Bruno Ganz, Moritz Bleibtreu, Johanna Wokalek
Nacionalidade: Alemanha, França, República Checa, 2008
Duração: 150 minutos

O cinema alemão volta a trazer-nos mais um bom filme de carácter realista. O realizador Uli Edel mostra-nos a Alemanha dos anos '70 onde franjas da juventude lutavam de forma anárquica aquilo que julgavam ser o ressurgir do nazismo. Bastante premiado e aclamado por grande parte da crítica, o filme The Baader Meinhof Complex pretende ilustrar os espíritos e os motivos de quem naquela época decide estar do "outro lado" na RFA e lutar por todos os meios.

Apesar de um argumento razoável e boas interpretações, o filme alemão não "enche o olhos" ao falhar no desígnio de fazer o espectador regressar à época onde se passa a narrativa e na ligação emocional e profundidade das personangens.

terça-feira, julho 7

Aqui não há pipocas #19












Título: Il Caimano
Realização: Nanni Moretti
Elenco: Silvio Orlando, Margherita Buy, Jasmine Trinca, Nanni Moretti, Giuliano Montaldo.
Nacionalidade: Itália, França, 2006
Duração: 112 minutos

A mais recente obra de Nanni Moretti é um filme sobre Silvio Berslusconi e é muito mais do que isso. Com uma noção de ritmo a que já nos habituámos no cineasta italiano, Il Caimano não é "um reflexo da sociedade italiana" ou "uma crítica velada à relação de Itália com aquele que foi uma das suas figuras mais marcantes dos últimos 30 anos". Il Caimano é sim uma história extremamente bem narrada e filmada sobre os dramas profissionais e pessoais de um produtor de cinema caído em desgraça.

Il Caimano não é um filme político mas encerra em si uma mensagem clara e directa ao homem sobre o qual nunca a cinematografia italiana filmou. Com personagens bem construídas mas sobre as quais pouco vamos sabendo, Nanni Moretti cumpriu mas não deslumbrou.

quarta-feira, março 25

Aqui não há pipocas #18












Título: Gran Torino
Realização: Clint Eastwood
Elenco: Clint Eastwood, Cristopher Carley, Bee Vang, Ahney Her, Geraldine Hughes, John Carrol Linch
Nacionalidade: EUA, 2008
Duração: 116 minutos

Igual a si mesmo. Clint Eastwood há muito que nos habituou a boas histórias em excelentes filmes. Eis mais um exemplo com este Gran Torino. No duplo papel de protagonista e actor, o norte-americano ri-se de si e da sua América destruindo e simultaneamente construindo estereótipos instalados naquela(s) sociedade(s).

Gran Torino encerra assim o fim de uma etapa e o consequente início de outra, utilizando o cenário de uma rua como tubo de ensaio e amostra para toda uma realidade cruelmente condicionada por opiniões maniqueístas. Um filme a não perder e o primeiro grande candidato aos Óscares de 2009.

terça-feira, março 10

Aqui não há pipocas #17













Título: In the Valley of Elah
Realização: Paul Haggis
Elenco: Charlize Theron, Susan Sarandon, Tommy Lee Jones, James Franco
Nacionalidade: EUA, 2007
Duração: 121 minutos


A expectativa para este filme provinha do currículo vastíssimo e a respectiva responsabilidade de Paul Haggis. Não se confirmou. Depois de ter ganho dois Óscares com a realização e argumento de Crash, e com tantos belíssimos actores, em In the Valley of Elah, Paul Haggis não consegue fazer mais do que um filme razoável, sem proporcionar nenhuma grande interpretação ou uma profundidade narrativa a que nos habitou com Clint Eastwood.

Este é um filme sobre um país e a forma como o país trata os seus soldados. Mas, mais do que isso, é um filme sobre um pai e um país mobilizados para a guerra. Sobre um filho e a busca de um pai em salvar o que resta da sua dignidade.

Aqui não há pipocas #16











Título: Doubt
Realização: John Patrick Shanley
Elenco: Merryl Streep, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams, Viola Davis
Nacionalidade: EUA, 2008
Duração: 104 minutos

Um filme de nome curto a fazer adivinhar o tema. Doubt consegue a proeza de colocar quatro nomes do seu elenco nas nomeações para Óscares da Academia. Com Amy Adams a cumprir sem brilhar e com interpretações absolutamente magníficas de Merryl Streep, Philip Seymour Hoffman e Viola Davis, o filme ganha pela profundidade dramática das suas personagens.

Dirigido por John Patrich Shaley que também assina o argumento adaptado candidato ao prémio da Academia, este filme mostra-nos o poder de uma dúvida. Uma dúvida que é uma crença. Uma desconfiança. Um dogma. Uma dúvida que não deixa dormir. Que mina e envenena. Uma dúvida que domina. Que corrói e corrompe. Que é humana.

sábado, março 7

Aqui não há pipocas #15











Título: Waltz with Bashir
Realização: Ari Folman
Elenco de vozes: Ronny Dayag, Ari Folman, Dror Harazi, Ron Ben-Yishai
Nacionalidade: Israel, 2008
Duração: 90 minutos


Um filme fantástico. A riqueza da animação de mãos dadas com a crua realidade. Este Waltz with Bashir não deixa ninguém indiferente e mostra-nos uma obra de arte sobre a guerra. Uma narrativa simples mas rica para chegarmos a uma palavra também ela simples mas cheia de significado. Genocídio.

A valsa. Como quem foge dos tiros. Como quem foge da realidade. Porque nunca é tarde de mais para lembrar. A nossa vida é memória. E nós somos tudo o que fizemos e deixámos de fazer.

sexta-feira, fevereiro 20

Aqui não há pipocas #14













Título:
Before the devil knows you're dead

Realização: Sidney Lumet
Elenco:
Philip Seymour Hoffman, Ethan Hawke, Albert Finney, Marisa Tomei, Rosemary Harris, Aleksa Palladino, Michael Shannon
Nacionalidade: EUA, 2007
Duração: 117 minutos

Um pessimismo antropológico marca toda a narrativa do novo filme de Sidney Lumet. Do primeiro ao último minuto, a história de "Before the devil knows you're dead" gira em torno de um momento marcante - um assalto demasiado mal feito e demasiado perto de casa.

Estilhaçadas por este momento, as vidas frágeis de dois irmãos tornam-se o objecto de um filme que nunca consegue largar a mediania muito devido a uma realização pouco atraente do cineasta e uma interpretação apenas razoável de Philip Seymour Hoffman e Ethan Hawke.

quarta-feira, fevereiro 18

Aqui não há pipocas #13












Título: Slumdog Millionaire
Realização: Danny Boyle
Elenco: Dev Patel, Irrfan Khan, Anil Kapoor, Madhur Mittal, Freida Pinto
Nacionalidade: Reino Unido/ Índia, 2008
Duração: 120 minutos


Estava escrito que Slumdog Millionaire iria ser um sucesso.
O novo filme de Danny Boyle é de uma energia contagiante. Despido de preconceitos, rico na fotografia bem como na banda sonora, SlumDog Millionaire não pretende ser um filme sobre a "nova" Índia. É antes, um filme sobre uma história de amor e os dezoito muito bem vividos anos de um rapaz nascido numa Índia suja e porca que já não existe.

Com um ritmo alucinante, Slumdog Millionaire suscitou muitas críticas. Alguém lhe chamou a pornografia da pobreza. Eu chamo-lhe uma dura realidade sobre a qual temos duas horas de acesso romanceado.

terça-feira, janeiro 27

Aqui não há pipocas #12












Título:
Vicky Cristina Barcelona
Realização: Woody Allen
Elenco:
Scarlett Johansson, Rebecca Hall, Javier Bardem, Penélope Cruz
Nacionalidade: Espanha / EUA , 2008
Duração: 96 minutos

As relações, a sexualidade e o amor serão para sempre temas onde Woody Allen se sente muito confortável. Em Vicky Cristina Barcelona, o cineasta norte-americano disserta uma vez mais sobre o conflito da condição humana e a sua vulnerabilidade em relação ao "outro".

Com uma fantástica interpretação de Penélope Cruz [num aproveitamento sublime do papel que Woody Allen lhe reservou], um Javier Bardem muito seguro e uma cidade condal inspiradora, este filme é marcado pelos tons pásteis dos edíficios de Gaudi e pela iconografia de Miró. Imagens que tal como a beleza feminina, o realizador procura sempre atingir.

terça-feira, janeiro 20

Aqui não há pipocas #11












Título:
Caos Calmo
Realização: Antonello Grimaldi
Elenco:
Nanni Moretti, Valeria Golino, Isabella Ferrari, Alessandro Gassman, Hippolyte Girardot, Blu Yoshimi, Charles Berling, Silvio Orlando
Nacionalidade: Itália / Reino Unido, 2008
Duração: 105 minutos

Como é que um filme sobre a morte e sobre o luto consegue ser tão bonito? E inspirador? Caos Calmo, o novo filme de Antonello Grimaldi tem esse dom. Com uma narrativa centrada na personagem de Pietro Paladini, excelentemente interpretada por Nani Moretti, este filme mostra-nos o lado humano de um viúvo, irmão, amigo, cunhado... e pai.

Numa praceta romana, o tempo passa entre um banco de jardim e um automóvel topo de gama. Criam-se laços, desfazem-se uniões, criam-se rotinas. Novas. Para ultrapassar.

terça-feira, dezembro 16

Aqui não há pipocas #10













Título: Body of Lies
Realização: Ridley Scott
Elenco: Leonardo DiCaprio, Russell Crowe, Mark Strong, Golshifteh Farahani, Oscar Isaac, Ali Suliman, Alon Aboutboul
Nacionalidade: EUA, 2008
Duração: 128

O novo filme de Ridley Scoot, Body of Lies é um típico filme de acção que peca por não trazer nada de novo à carreira do cineasta e à história dos mais recentes filmes baseados na actualidade da política externa norte-americana e a questão do médio-oriente.

Apesar disso, as duas horas de filme obrigam-nos a apreciar a beleza das paisagens daquela região, bem como algumas excelentes interpretações como a de Russel Crowe e Mark Strong. As novas tecnologias no combate ao terrorismo, cenas de acção e suspense, e a acção dos agentes da CIA no terreno são outros argumentos que nos poderão levar a ver este novo filme... de entertenimento, bem à medida de Hollywood.

Aqui não há pipocas #9












Título: Blindness
Realização: Fernando Meirelles
Elenco: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Yusuke Iseya, Yoshino Kimura, Don McKellar, Danny Glover, Gael García Bernal
Nacionalidade: Canadá / Brasil / Japão, 2008
Duração: 111 minutos

Baseado na obra "O Ensaio Sobre a Cegueira" de José Saramago, o mais recente filme de Fernando Meirelles procura colocar na tela aquilo que o escritor procurou fazer no papel. Mais do que uma história sobre "o que aconteceria se de repente toda a população se tornasse cega", este filme é, tal como o livro, uma perfeita analogia do estado periclitante e efémero da ordem e da sociedade em que vivemos.

A condição humana no que tem de mais básico, o instinto de sobrevivência. A sobrevivência ao alcance dos mais capazes, e uma sociedade que tende para a miséria e o caos. Excelentes interpretações e melhor realização do cineasta brasileiro que não sabe fazer maus filmes e que consegue mais uma vez transmitir ao espectador o essencial - a dureza e crueldade da trama.

segunda-feira, novembro 3

Aqui não há pipocas #8












Título: W.
Realização:
Oliver Stone
Elenco: Josh Brolin, Thandie Newton, Elizabeth Banks, Richard Dreyfuss

Nacionalidade: EUA, 2008

Duração:
131 minutos

Uma letrinha apenas dá o título ao novo filme de Oliver Stone. Mais uma vez, o cineasta norte-americano coloca na tela a vida de um presidente norte-americano. Sem cair em clichés, mas sem mostrar algo de verdadeiramente novo, este filme parece desenhado à volta da ideia pré-concebida que a generalidade das pessoas têm relativamente à "personagem" que durante oito anos comandou a maior potência mundial.

E este é um W. com várias vertentes. A sua vida pessoal, familiar, conjugal, as relações na juventude e também a sua acção enquanto homem político, são retratados por um Oliver Stone sem grandes pretensões a julgamentos ou interpretações. Biografia que não tem de oficial aquilo que porventura terá de fiel.

quarta-feira, outubro 22

Aqui não há pipocas #7











Título:
Paris

Realização
: Cédric Klapisch
Elenco
:
Juliette Binoche, Romain Duris, Fabrice Luchini, Albert Dupontel, François Cluzet, Karin Viard, Mélanie Laurent
Nacionalidade
: França, 2008

Duração:
130 minutos

Um filme sobre a morte? Um filme sobre a vida? Um filme sobre Paris? São várias as interrogações e muitas as repostas para este novo filme de Cédric Klapisch. Em Paris, não há espaço para dogmatismos, para histórias com princípio-meio-e-fim. Tal como a cidade, aliás. Aqui, em Paris, indagamos pelo sentido da morte e a efemeridade da vida, ou se calhar, não chegamos a fazê-lo. Acompanhamos, sim, excertos das vidas de personagens que ganham na interpretação de um belíssimo elenco aquilo que porventura perdem no tempo de ecrã. Pouca profundidade numa leveza inquieta que não suscita paixões mas provoca emoções. Tal como a cidade.

terça-feira, outubro 7

Aqui não há pipocas #6













Título: Gomorra
Realização
: Matteo Garrone
Elenco
: Salvatore Abruzzese, Simone Sacchettino, Salvatore Rocco, Vincenzo Fabricino, Gianfelice Imparato, Italo Renda, Maria Nazionale, Toni Servillo
Nacionalidade
: Itália, 2008

Duração:
137 minutos

Um filme italiano onde... italiano é lingua que não se ouve. Ouve-se, sim, o indecifrável dialecto napolitano, pátria linguística num condomínio social controlado pela Camorra, onde jovens "preocemente emancipados" e "menos jovens" hierarquizados, se tornam as constantes que atravessam os 137 minutos de filme. Adaptado ao cinema a partir do best-seller de Roberto Saviano, Gomorra é um filme sobre a máfia napolitana. Um filme com cheiro a documentário, e que não segue a tradição dos filmes sobre o tema realizados em Hollywood, mas sim a tradição neo-realista italiana.

A violência no seu estado cru, o dinheiro e a droga enquanto variáveis de uma equação que tem sempre o mesmo resultado - a morte como corolário de uma vida fatalmente escrita desde o berço. Ganha-se em realismo, num filme iconoclasta que, embora não pareça, retrata os subúrbios de Nápoles em pleno séc. XXI. Sem jogos de póquer ou fumo de charutos. Poucas mulheres num mundo de homens.


segunda-feira, agosto 4

Aqui não há pipocas #5








Título: Tropa de Elite
Realização
: José Padilha
Elenco
: Wagner Moura, Caio Junqueira, André Ramiro, Maria Ribeiro, Fernanda Machado, Fernanda de Freitas, Paulo Vilela, Milhem Cortaz, Marcelo Valle
Nacionalidade: Brasil, 2007
Duração: 115 minutos


Tiros, muitos tiros. Palavrões, muito palavrões. Música, alguma música. Não serão estes os mais fortes predicados de Tropa de Elite, mas o filme que apenas em Julho de 2008 chegou às salas portuguesas oferece-nos 115 minutos de um vivo (?) retrato da actuação da polícia brasileira nas favelas do Rio de Janeiro.

Mas, não só polícia municipal, BOPE, aspirantes a BOPE ou traficantes de droga são alvo da câmara do realizador José Padilha. Neste argumento adaptado, a realidade e o quotidiano de personagens que "habitam" o mundo do crime é o foco principal, e no fundo, subjaz a crítica à corrupção, ao modus vivendi de todos aqueles que são ou não participantes deste "mundo". Porque por vezes, a fronteira é ténue... é difícil de determinar, e para o BOPE, missão dada é missão cumprida... e não há como falhar.

domingo, agosto 3

Aqui não há pipocas #4










Título: Eastern Promises
Realização
: David Cronenberg

Elenco
: Viggo Mortensen, Naomi Watts, Vincent Cassel, Armin Mueller-Stahl, Sinead Cusack, Donald Sumpter, Jerzy Skolimowski, Yousef Altin

Nacionalidade
: Reino Unido / Canadá / EUA, 2007

Duração
: 100 minutos


Um inglês mal falado, dias cinzentos e interiores quentes, perigos eminentes e desenlaces inesperados. Em Eastern Promisses o suspense surge na primeira cena e não mais abandona o enredo do filme escrito por Steve Knight. Com uma espectacular interpretação de Viggo Mortensen, a nova realização de David Cronenberg aborda de uma forma bastante crua (e não cruel) o mundo do crime (mal) organizado.

Sem pretenciosismos, Eastern Promisses não quer ser um filme de acção, um thriller ou um drama. Encerra em si todos estes títulos e deixa uma marca. Porque todos os pecados deixam uma marca.

quarta-feira, julho 23

Aqui não há pipocas #3













Título: Alexandra
Realização: Aleksandr Sokurov
Elenco: Galina Vishnevskaya, Vasily Shevtsov, Raisa Gichaeva.
Nacionalidade
: Rússia/ França, 2007
Duração: 95 minutos

O primeiro filme russo foi tal e qual como o primeiro livro de um autor russo - um sôco no estômago - frio, seco, árido. Alexandra retrata a realidade de uma senhora idosa num aquartelamento de militares russos. De visita ao seu neto, Alexandra enche o ecrã com a sua figura pesada, rude, mas simultaneamente extraordinariamente leve e contagiante. Num cenário de guerra, Alexandra é a figura feminina (no sentido quase sexual) e maternal (no arquétipo da questão) que exalta compaixão e natureza num cenário despido de sentimentos. O neto é a desculpa da presença e do bailado de Alexandra entre os soldados. Sempre perdida, sem nunca deixar de se encontrar.

Aqui não há pipocas #2













Título:
Gone Baby Gone
Realização: Ben Affleck.
Elenco
: Casey Affleck, Michelle Monaghan, Morgan Freeman, Ed Harris, John Ashton, Amy Ryan, Amy Madigan, Titus Welliver.
Nacionalidade
: EUA, 2007.
Duração:
114 minutos.

Não foi cunha. De um vasto leque de actores, foi o irmão do realizador, Casey Affleck e também Amy Ryan, os actores cuja perfomance mais "enche o olho". Ben Affleck, que decidiu ou foi obrigado a decidir-se pelo adiamento do lançamento do filme devido às semelhanças que este tem com o caso do desaparecimento de Madeleine Mcann, surge neste "Gone Baby Gone"pela primeira vez no papel de realizador. Aliás, dirige e escreve um filme que apenas por pouco ultrapassa a própria realidade, que a ultrapassa pela incerteza a que a realidade nos induz.

Ficam na memória os históricos dilemas humanos: a identificação e o destrinçar entre o bem e o mal; a escolha e opção pelos meios a utilizar para alcançar certos fins; e também, a dificuldade na busca da verdade, dos acontecimentos... e das pessoas e seus intuitos.

Aqui não há pipocas #1











Título: Mio Fratello è Figlio Unico
Realização:
Daniele Luchetti.
Elenco: Elio Germano, Riccardo Scamarcio, Angela Finocchiaro, Massimo Popolizio, Alba Rohrwacher, Luca Zingaretti, Anna Bonaiuto, Diane Fleri.

Nacionalidade:
Itália / França, 2007.
Duração: 100 minutos

Baseado num livro de Antonio Pennacchi e lançado nas salas de cinema em Abril de 2007, "Mio fratello è figlio unico" foi escrito a três mãos. Stefano Rulli e Sandro Petraglia, argumentistas do célebre "Meglio Gioventù" juntaram-se ao realizador Daniele Luchetti para uma hora e quarenta minutos de um filme que tem tanto de romântico como de histórico, de satírico como de dramático.

A trama desenrola-se na Itália dos anos 60/70. Correcção, a trama desenrola-se nas mentes, nas idiossincracias de uma nação, de uma vila, de uma família que vive esta época. Enquadrada no seu tempo, mas não amarrada a ele, o filme que uma vez mais o cinema italiano nos traz, mostra, como poucos o fazem, as relações humanas, pessoais, sociais e políticas da época. A proximidade dos extremos, porque os últimos alguma vez terão que ser primeiros.

terça-feira, setembro 11

Reencontro com a Escrita

Um disco. Um livro. Um espectáculo. Uma crónica. Uma análise. Vários devaneios.

quarta-feira, julho 18

Longos e turtuosos caminhos

Traçar metas, definir objectivos, delinear um caminho, tomar opções, estabelecer prioridades, alinhavar projectos, designar tarefas, agilizar procedimentos, riscar, voltar a planear, sacrificar. Criar.

segunda-feira, julho 16

A ditadura da minoria

O novo presidente da Câmara Municipal de Lisboa teve o voto de 11% dos cidadãos recenseados em Lisboa. Se pensarmos que vivem Lisboa o dobro daqueles que nela habitam, torna-se quase dramática a legitimidade política deste novo executivo. António Costa vai influir na vida de aproximadamente 1 milhão de pessoas, quando recebeu o mandato de apenas 57 907.

domingo, julho 15

Coisas de adultos

Só existe uma coisa que esbarra na minha vontade de saltar. A decisão de querer saltar.

segunda-feira, março 5

Arcade Fire, Metallica, and so on...

E todos os dias as novas bandas anunciadas para o Super-Bock Super Rock mostram aquilo que já se confirma há alguns anos - vamos ter um Sudoeste de Aguilleras e Sean Paul's.

sábado, fevereiro 24

Frutas

Ao contrário da amizade, que acontece quando alguém ensina outro a comer um kiwi através da sua fórmula secreta, o amor acontece quando duas pessoas, mais do que uma laranja, adoram a mesma parte da laranja, a parte branca depois da casca.

* Este post é uma vitória pessoal. E só eu sei porquê.

Depois vem a exasperação

Trabalhar com gente inapta para a tarefa tem essa vantagem de nos fazer sentir competentíssimos e de nos levantar a auto-estima.

Post-Mortem

Os mundos dentro do mundo têm modos de funcionamento, tendências, regras, costumes. O mundo da blogoesfera não é diferente. Há como que uma tendência geral para se seguirem determinados padrões de comportamento e formas de agir que são comuns a muitos dos blogues que por cá andam. Uma das que acho mais particulares é o elogio da morte, ou melhor, a homenagem post-mortem. Morreu a Sophia de Mello Breyner, pimba, bota-lhe um poema no blogue. Morreu o Mário Cesariny, pimba, bota-lhe um poema e uma pintura no blogue. Aniversário da morte de Zeca Afonso, pimba, bota-lhe música no blogue. Ramificações de um país que faz a apologia da estátua e do nome da rua. Post-Mortem.

quinta-feira, fevereiro 22

Largo da Graça

Lost

Senhores responsáveis pelo canal público de televisão,

Escrevo-vos no sentido de informar vossas excelências que irei neste momento visionar o episódio nove da terceira série desse êxito televisivo que é o Lost, ou seja, irei ver o episódio que foi exibido hoje nos Estados Unidos às 8pm central time [façam as contas... é qualquer coisa como, agora]. Ainda está quentinho.

Bem sei que o vosso serviço [pouco] público tem o direito de emissão da referida série para Portugal, mas vossas excelências não sabem o quanto me agrada poder responder desta forma à incompetência com que os senhores presenteiam os vossos telespectadores quando exibem as séries que compram com meses e meses de atraso. Ora os episódios são repetidos vezes e vezes sem conta, ora são cancelados ou mudados de horário sem aviso, ora simplesmente não os passam. Ora eu fartei-me e vou agora começar a ver.

Os meus melhores cumprimentos,

J.

quarta-feira, fevereiro 21

Bons Encontros

Yann Tiersen, 7 de Março na Aula Magna da Universidade de Lisboa. É fechar os olhos, sentir a vibração da música, viajar até Montmartre e voltar rapidamente, que esta música é muito mais do que a também muito nossa Amélie.

Macbeth «Uma análise política de um golpe de estado e as suas consequências (...) um thriller com um desenrolar rápido, intenso, cheio de humor e vulnerabilidade no meio da brutalidade e forças do sobrenatural». Em cena no Teatro da Trindade, até 15 de Março. Porque é sempre bom ver Shakespeare em cena.

Opinião

Um dia perguntei-me o que era um lugar-comum, onde é que ficavam os lugares-comum. No número de informações pensaram que estava a brincar. Nas páginas amarelas, fiquei em branco. Nada. Decidi então comprar alguns jornais... e Voilá! Foi o que me safou.

Regina II

[1ª Parte: Aqui]

Já a noite ameaçava dar lugar a uma manhã de sono quando uma visita ao site dos The Strokes leva-me para este vídeo. Foi neste final de noite que o imaginário à volta de Regina vacilou. Havia alguém mais para além da ruiva mal educada e com mau hálito, algo mais para além dos melhores chocolates do mundo de sabor a ananás. Uma voz pareceu dizer que aquelas três sílabas tinham uma melodia que ainda havia de dar muito que cantar.

A tarde foi de trabalho e só voltei a ouvir a Regina uns dias depois. A mesma voz doce mas com o seu piano, a sua letra e a sua melodia. A ruiva dos óculos verdes e do mau hálito que viveu a minha adolescência deixou de ser Regina, passou a ser uma ruiva de óculos verdes e mau hálito. Regina era agora Spektor. Era Regina Spektor e Regina nome de chocolate.

Ministério da Propaganda

Ele não fazia horas extra nem trabalhava aos fins de semana e quando lhe disseram de qual ministério se tratava ele logo suspeitara, associava-o aos regimes totalitários do século XX europeu. Mas não. Era certo que o salário não era dos melhores mas trabalhar para o Estado conferia-lhe uma importância que ele não podia desprezar e a suspeita assim se esfumou. Tinha de entrar para uma função pública que era pública por ser única e por ser do Estado, o salário era único, dava para as despesas e para tirar os filhos da escola uma vez ou outra.

Acordava todos os dias às 6 da manhã e começava o dia a trabalhar. O primeiro sorriso, o primeiro beijo na moldura com a fotografia dos miúdos. Passava todo o dia a distribuir sorrisos, isto ainda a caminho do edifício da Avenida da Elite onde os gabinetes da sua delegação do ministério passavam bem despercebidos. Nos autocarros, nos metros, nas bibliotecas, nos elevadores, por todo o lado naquela que era a sua zona, ele sorria, desejava um bom dia e dava dois dedos de conversa. Era este o seu trabalho, vender felicidade instantânea, fugaz, efémera. Tudo o que tinha de fazer era dar o seu lugar, ceder passagem numa entrada, comprar o jornal e beber a bica. Continuar assim a viver o seu dia-a-dia no dia dos outros. Ajudar ideais em formas de simpatia e esperança num futuro. Não havia dia em que o seu olhar não trouxesse uma luz e o seu sorriso um brilho. Alquimia capaz de o promover passado um ano, alquimia capaz de encadear um mundo escuro, deixando-o assim, cada vez mais cego.


















[Foto via Literaturismo]

terça-feira, fevereiro 20

Rossellini Revelador

Tinha acabado de almoçar e a chuva não abrandava. Para quem não está obrigado a sair de casa, sair quando chove é sinal de grande voluntarismo. Com uma moral em alta e programa para a noite lá fui eu para a Rua Barata Salgueiro nessa tarde chuvosa. O edifício da Cinemateca trouxe-me um lugar à porta, óptimo! Entrei e respeitei uma fila um tanto surpreendente já com o dinheiro trocado na mão e deixa alinhavada «Boa noite, um bilhete para a sessão das 19h30 e outro para a sessão das 22h». Três minutos depois, sensivelmente vinte e três minutos depois do início da venda dos bilhetes, gera-se movimentação fora do normal e um -«Eu sei que a menina não tem culpa disto, mas é uma vergonha, isto assim é uma vergonha» confirma as suspeitas. Algo se passa. Os bilhetes esgotam num simples telefonema que reserva quase meia-sala. Fiquei sem programa para a noite, com o dinheiro na mão e uns ténis bem encharcados.

Nota: Post motivado pelo facto das maravilhas da Internet terem feito chegar até mim a trilogia com que se inicia o programa Rossellini e o Cinema Revelador: «Roma, Cittá Aperta»; «Paisá» e «Germania Anno Zero».


Regina

Existem nomes do arco da velha, outros com que apenas não simpatizamos ou que na realidade são demasiado foleiros para algum dia podermos vir a tratar filho nosso dessa maneira - aquela velha discussão, a escolha do nome para os pretensos filhos. Um desses nomes meio foleiros é Regina. É verdade que Regina é o nome dos melhores chocolates de sabor a ananás feitos no mundo, mas mais do que isso, Regina é o nome de uma antiga colega de escola que além de ser bastante ordinária nas palavras, conseguia sê-lo ainda mais nos actos, juntando a ordinarice a um terrível hálito que a caracterizava mais do que tudo. Provavelmente era problema de estômago, mas num riso ainda que tímido (nunca era) vía-se facilmente que problema de estômago não era causa única. E assim sempre ficou o nome de Regina associado àquela figura ruiva. Sempre até um dia.



segunda-feira, fevereiro 19

Redundâncias

O nacional-porreirismo não devia ser uma coisa porreira?

Uma face masculina

Depois desse fenómeno não despiciente que são as mulheres, um dos vários argumentos em que baseio a minha heterossexualidade provém do facto de acreditar que sempre tive facilidade em identificar e entender a beleza masculina e que por essa razão a considero a um tanto banal.

Os padrões de beleza masculinos assemelham-se a uma ciência exacta e fatalista, onde sem média, só existe uma moda - uma espécie de visão maniqueísta da beleza onde existem os bonitos e existem os feios, e entre eles, um precipício, um espaço vazio preenchido, na maior parte das vezes, por alguém com dinheiro, com muito dinheiro.

Resumindo, a beleza masculina além de banal, é subsidiária da beleza feminina - os homens mais bonitos são os que mais facilmente passariam por mulheres. E essa beleza sim é difícil de explicar.

Matemática

A felicidade é inversamente proporcional ao número de vezes em que pensamos nela.

Autocolante amarelo

Entre anúncios para aumentar o tamanho do meu sexo, sites para encontrar as mulheres mais belas e mais disponíveis da minha zona, ou lojas on-line onde posso comprar xanax e prozacs a metade do preço, o meu email é cada vez mais uma real caixa de correio onde não posso recusar publicidade não endereçada.

sexta-feira, fevereiro 16

Futurologia da Ofensa

- De certeza que és geração pré-IVG... ou então a tua mãe foi na conversa dos médicos do aconselhamento.


Enunciar

Princípios. Já que vou iniciar um périplo pela blogos com o objectivo de trazer leitores a este cantinho, convém lembrar que as informações e opiniões nele expressas não vinculam o seu autor. Não vinculam ninguém.

A falta deles. Por muito boa literatura que o faça, as pessoas tratam-se pelos nomes e não pelas suas iniciais.


quinta-feira, fevereiro 15

Pôr-do-Sol

Interrompem-se as buscas. Inspira-se uma última vez para voltar a respirar só de manhã. Deixa-se a alma em suspenso por um corpo perdido. O pôr-do-sol sempre foi uma hora de morte.

quarta-feira, fevereiro 14

Overbooking

É uma chatice e uma dura realidade. Vou ali e venho já. Prometo.

O Grande Português*

Foste, és e serás. Tu.

*ideia parcialmente roubada à revista TIME e a um dos convidados da gala [mas o que é que era aquilo?] de entrega dos prémios Inimigo Público/Eixo do Mal na Sic Notícias onde se atribuíu o prémio de Pior Português a António de Oliveira Salazar. Apesar de toda a gente saber que o mais votado foi Mário Soares, penso que até fica bem perpetuar a memória do ditador Salazar dando-lhe as condições eleitorais de que ele sempre foi partidário... é que as abstenções devem ter sido consideradas como votos no senhor. Honrar compromissos, parece-me bem.

O Pior Português

Tu. Também és tu.


terça-feira, fevereiro 13

Bons Encontros

Pára tudo! Anonima Nuvolari fazem o Carnaval Lisboeta dia 19 de Fevereiro na Galeria Zé dos Bois.

"Anonima Nuvolari vai bem com tinto. Anonima Nuvolari vai bem com alegria. Vai bem com boémia. Vai bem com festa. Música 100% italiana de sabor intenso e frutado. Néctar extraído das melhores colheitas. Vinho novo de compositores como Paolo Conte ou Vinicio Capossela. Vinho velho das colheitas de Renato Carosone, Fred Buscaglione, Adriano Celentano. Um passeio dos alegres pelos últimos 50 anos da canção italiana. Instrumentos tradicionais. Atitude genuína de paladar bem equilibrado, encorpado e com bom final de prova." LeCool nº79










Um terramoto em Lisboa

Terá sido isto? Que desilusão! Nós que não fazemos as coisas por menos, não podemos deixar de mostrar alguma tristeza e desilusão com um terramoto como o desta manhã. Cinco vírgula oito na escala aberta de Richter, mas que merda é esta? Uns segundos de tremideira que não mandou ninguém ao chão e pronto, está vivido o maior sismo registado e sentido em Portugal nos últimos trinta anos. Não há recordes do Guinness, não há um maremotozito, não há uns quantos desabamentos? Choradeiras no Jornal Nacional? Nem uma!

E depois, o que vem a ser isso da escala aberta de Richter? Aberta? Mas de onde vem essa evolução no conceito do qual eu não estou informado. Sempre foi aberta? Passou a ser aberta? Porque é que a população não foi informada previamente disto e foi necessário as coisas terem acontecido? Isto sim, são questões verdadeiramente fracturantes na real acepção do termo. Que a próxima fractura faça jus à nossa apetência por grandes realizações, que isto está a precisar de um sério abanão e o progressismo do nosso sim do último domingo pode ter sido excepção à regra.

Explicações Plausíveis

Tenho um fascínio particular por pessoas que em todas as situações da vida, utilizam um nome próprio e dois apelidos.

Ah, eu venho de duas famílias aristocratas e riquíssimas.
Ah, eu quero homenagear os meus pais.
Ah, eu acho que é mais chique.
Ah, a minha assinatura assim fica esteticamente mais bonita.

Ah, os meus pais assim me obrigavam quando era pequeno.
Ah, torno-me mais facilmente aceite no meio (académico, político, empresarial, intelectual, etc)
Ah, por hábito, já não me vejo d'outra forma.
Ah, porque sim.
Ah, por nada.

Ai o quanto me irrito quando me pedem apenas o primeiro e último nome. Sem lugar a excepção.

Pontos

Faz um ano que não te vais embora. Quantas vezes preciso de te acenar, de te dizer um adeus definitivo. É um adeus tão sincero e tão fatal. «Foda-se! Vai-te embora!» digo-te eu embalado por uma banda sonora grandiosa, empolgante - cavalaria que não ajuda na tua fuga, mas no meu afundamento. Ah! e aí parto feliz com a tua imagem nas minhas costas, e tu andas até te lembrares em voltar. Sem destino que não seja o meu. Faz pause e retrocede. Acabou a música e a orquestra agradece. Voltas constantemente. Não há realizador que te dê um final. Triste ou Feliz. Narrador que termine a tua história. E eu sinto que preciso de ser salvo. Preencher essa página cheia de erros de sintaxe, de gramática, de construção. Continuas a ser ponto de interrogação num texto onde eu só te quero num ponto final, para acabar com os erros.

Nada a acrescentar

Aqui fica uma bela letra, de uma bela música de um dos melhores álbuns portugueses do ano passado. Usar uma letra dos Sérgio Godinho sem lhe ofender os propósitos e desvirtuar o seu sentido. Só neste país é que se diz só neste país.


Unamo-nos
Nós somos os famosos anónimos
Mesmo assim já cumprimos os mínimos
Somos todos únicos
Que mais vão querer de nós
P'ra provar quem vai à frente
Ou fica atrás

Se é por
Ir estabelecer um novo recorde
Cumprimos o guinness ao preço que for
E fica o assunto homologado
E sem espumantes, às vezes dá p'ro banquete
Ou duas sandes

Sempre
Complicamos a coisa mais simples
E simplificamos a complicada
Sai em rajada o tiro pela colatra
Às vezes mata, às vezes ressureição
Foi de raspão

(Só neste país...)

Só neste país
É que se diz:
Só neste país
Só neste país
Só neste país
Só neste país
Só neste país

São muitos séculos em morna ebulição
A transitar entre o granizo e a combustão
E um qualquer hino para qualquer situação
Pessimista, optmista...

(e vai abaixo e vai acima
pessimista, optimista...)
...e agora a rima

Portugal é nosso p'ro bem e p'ro mal
E o mal que está bem
E o bem que está mal
E o bem que está bem

Juro
P'lo fado
P'lo baile e p'lo Kuduro
Que este país ainda tem futuro
É verde e maduro
Como à fruta, às vezes brota
Às vezes consternação
Secou no chão

segunda-feira, fevereiro 12

Encontrar o tom ao fim do mês.

Em dois livros, uma peça de teatro, dois clássicos na cinemateca, dois artigos de opinião. E mais importante do que tudo, num trabalho que tem de ser apresentado até ao meio-dia de hoje.


Bons Encontros

Medeia, o texto clássico de Eurípides em versão humor negro. Encenada por John Mowat, de 11 de Janeiro a 25 de Fevereiro, no Chapitô, em Lisboa. Uma boa oportunidade para fazer mais do que ver a vista.

Continua a confirmar-se a recente presença de Portugal nos roteiros das european tours de algumas das bandas mais badaladas do momento, exemplo para os Bloc Party, que a 18 de Maio mostram o seu novo albúm no Coliseu dos Recreios em Lisboa.

Dr. House

Não acredito que haja algum hipocondríaco que veja a série House. Aliás, acredito sim. Desde que ouvi um professor doutor no programa «Prós e Contras» dizer que há um negócio obscuro em Portugal que se baseia na venda dos restos fetais após-interrupção da gravidez, que acredito em (quase) tudo.

Eu não vejo o Dr. House, faço parte da regra e não da excepção dessa classe hipocondríaca de que devemos ser líderes mundiais. De qualquer maneira, não me admiro de quem o faça. É notória a fatal tendência para o auto-flagelação, para o sofrimento psicológico e físico auto-imposto. "Ai 'tou tão miserável mas aquele ainda está pior". Há uma espécie de catarsia infligida ao mesmo tempo que o miserabilismo ganha asas. É um contraditório, lá está. Mas nós somos peritos nessa arte. Faz parte. E arrisco-me a confessar-vos que me esqueci completamente do propósito deste post e que o que leram não passou de uma derivação.

O Marketing é Público

Com uma campanha publicitária muito interessante, o jornal Público mudou a arrumação, alterou a grafia e apresenta-se aos leitores de cara lavada, com uma nova revista e com uma edição gráfica sem lugar para o "preto e branco". Uma orgia de cor e fotografia para combater a precocidade em vídeo e som. Ainda não abri o jornal, mas não deixo de achar inteligentíssima a escolha da fotografia da primeira página. Podiam ter arriscado mais - pelo menos mais 10% da primeira página. Uma rapariga jovem, de sorriso virginal empenhando a bandeira do sim. Peito avantajado mas sem decote, olhar fixo, sonhador e doce. Vendem-se mais umas centenas de exemplares e não se choca a sensibilidade de ninguém, mentira, talvez a do Dr. César das Neves. Mas quere-me parecer que ele hoje não compra jornais.

Interlúdios

"Por vezes não sei se estás a falar a sério se estás a gozar." ou "Devias marcar os teus posts, qualquer coisa para diferenciar a realidade da ficção." Não é coisa que me digam, mas é coisa que me poderiam dizer. E é coisa a que eu facilmente responderia: é que por vezes nem eu sei.

Política de proximidade

É Domingo e o povo acerca-se das assembleias de voto. Cá fora vendem-se castanhas - poucas, as pastelarias nas redondezas estão cheias entre aqueles que fazem o seu cacique, aqueles que pensam ser ilegal fazer de cacique e aqueles que calhou por ali andarem. Reencontram-se colegas de escola que a vida afastou e que o recenseamento na freguesia aos 18 anos ainda aproxima. Vêm-se vizinhos desencontrados que um boa tarde corriqueiro e envergonhado de todos os dias não aproxima. Vêm-se os desconhecidos conhecidos próprios da cidade, aqueles que sempre por ali estiveram, a subir a nossa rua, a comprar na nossa mercearia. Aqueles que sempre vemos e nunca falamos. De repente estamos ali todos. Uns a uma hora, outros a outra, embora o acordo tácito é o de ir quando estiver mais gente - é a dominical confraternização laica dos dias que correm. Ou devia ser. Que esta gente nunca é muita gente, não é a gente necessária e à senhora das castanhas não chegou para ganhar o dia.

Idiota é muito forte?

Sou sincero. Não obstante o resultado do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez me deixar optimista, aquilo de que ficaria realmente orgulhoso seria a participação maciça do povo português em mais uma das (poucas) oportunidades de agir directamente sobre a política e as leis deste país. Mas não. Menos de metade dos portugueses votaram. Mais de metade não usufruíram de um direito fundamental do individuo enquanto cidadão. Não olhemos para o voto como um dever, apesar de também o ser. Entendamo-lo como um direito, um direito do qual o povo não soube, não sabe, não quer usufruir, e um povo que não usufrui dos seus direitos só pode ser um povo idiota de memória de curta.

sexta-feira, fevereiro 2

Não vos acontece?

Ainda há meia hora tiveste uma ideia perfeita para um post no teu novo blogue. Meia hora depois, não és capaz de a escrever, ou pior, não és capaz de a recordar. E assim continuas a viver o teu dia-a-dia, sem notas, sem moleskine, sem máquinas fotográficas ou telemóveis de terceira geração. Há coisas que só a memória é capaz de guardar, que só a memória é capaz de esquecer.

sábado, janeiro 27

Coincidências

«Sim, são três letrinhas
Todas bonitinhas
Fáceis de dizer
Ditas por você
Nesse seu sim, assim

Outras três também
Representam não
Que não fica bem no seu coração

(...)»

"Três Letrinhas", Marisa Monte in Universo ao meu redor

sexta-feira, janeiro 26

Diálogos

- Bragança?! Bragança é talvez a cidade mais pobre de Portugal!
- Mais pobre? Em Bragança todos têm a sua casa, todos têm o seu quintal, o seu trabalhito.
- Não brinques comigo... vais-me comparar a riqueza de Lisboa, por exemplo, com a de Bragança ?
- Claro que não, em Bragança não existem pessoas que passam fome extrema e que dormem na rua.

24 julho de 2004

Ela parou no sinal vermelho. Foi a altura ideal para sair. Quase em movimento, diga-se. A condução não lhe era um ponto forte, ainda para mais lavada em lágrimas. Esperei um pouco cá fora. Não esperei, fiquei inerte. Foram três segundos sem uma palavra. Chorámos todas as mágoas. Arrependemos-nos de todas as discussões. Esgotámos ali uma ternura raivosa. Foi assim que aconteceu. Era assim que tinha que acontecer. No emoção que se seguiu já o sinal estava aberto.

quinta-feira, janeiro 25

Encontrar sem despistar

Focar o objectivo aguça o engenho. Em época de pesquisa e investigação para trabalhos académicos é sempre importante ouvir palavras sábias. Eu, que tenho uma atitude bipolar (?!) face ao estudo - ora estudo muito e traço entusiasmantes metas, como desisto muitas vezes devido à percepção nítida que não as vou alcançar - devia mais amiúde lembrar-me que «Para fazer grandes descobertas é preciso fazer perguntas simples». Tim Hunt, Prémio Nobel da Medicina em 2001. [Ontem na Gulbenkian].


quarta-feira, janeiro 24

Um caso delicado

Com tempo e dinheiro comprava e lia este livro de David Leavitt, Florença: Um caso delicado. Para talvez reencontrar.


“Florença é a única cidade europeia cujos cidadãos mais ilustres, pelo menos ao longo dos últimos cerca de cento e cinquenta anos, têm todos sido estrangeiros.”






















Ed. ASA e Ed. Bloomsbury

Alguém já deve ter dito isto

Num certo ponto de vista que eu não sei apelidar, o problema dos alcóolicos não é merda que fazem quando estão alcoolizados mas a merda em que ficam quando não estão.

Late New Year's Resolutions

Encontrar um tom é difícil. Neste blogue que demorou dois meses a ter um nome, que ainda por cima é roubado, procuro nada mais do que escrever. Mas isso não lhe define o tom. Mas se disser que vou escrever o que realmente me apetece escrever - isto já ajuda. Seja isto o que for. E é por isso que este espaço é pessoal sem ser íntimo, libertador sem ser catártico e real com laivos incandescentes de fantasia. Até ver, é o meu blogue e é para mim que escrevo. Daí que sirva este post para afirmar que no próximo mês: Não acordo depois das 11h da manhã. Não levo o portátil para a cama. Ponto. Seja para escrever ou para ver séries. Ponto Final. Não perco tempo com jogos online. Jantar em casa, é jantar à mesa. Vou beber no mínimo um litro e meio de água por dia e vou procurar mastigar mais vezes. Para já é tudo. O que já é muito.

Mudança

Não há nada em que eu tenha mais experiência - experiência de vida. Venham velhos de 80 anos, conservadores e salazaristas dizerem-me o que acham do mundo e da juventude, que eu respondo-lhes: «Meu amigo, eu já levo 22 anos disto!» E já viram o que é levar 22 anos de alguma coisa? É muito tempo. E é do alto desse saber de experiências feito, que eu me levanto e digo: O principal desafio do Homem é a Mudança. A defesa desta ideia, faço-a com outros 22 anos em cima.

terça-feira, janeiro 23

Desencontros

São desencontros quando passaste um fim de semana num Douro que banha Amarante e não foste ao Museu Amadeo de Souza-Cardoso, ou quando deixas passar até o regime sempre aberto de uma exposição que de tão longa se tornou curta para a visitares - Diálogo de Vanguardas.


Bons encontros

Ciclo Rossellini. Um ciclo que abre com a "triologia da guerra" composta por Roma, Paisà e Germania Anno Zero, nos dias 30 e 31 de Janeiro, na Cinemateca Portuguesa.

Cansei de Ser Sexy. Banda Electro-Pop, oriunda da cidade de São Paulo no Brasil, dia 4 de Abril, na discoteca Lux em Lisboa.

Fracassos

O vôo parte às 15h e aterra pelas 17h40. Daí, apanho o autocarro até ao centro, que com aquele trânsito me deve demorar pelo menos mais três capítulos do livro novo. Com a espera dá outro. Depois é o comboio, duas horas e meia com tudo ainda para ler. Com encontros e desencontros não chego antes de desistir de te procurar.

segunda-feira, janeiro 22

Short Message Service

Por vezes só quero uma pergunta, apenas uma pergunta para me dar uma possibilidade de dar mais uma resposta, para daí passar a perguntar. Uma pergunta que me dá a possibilidade de receber apenas mais uma mensagem. De mensagem em mensagem. De pergunta em pergunta. Sem resposta alguma.