Política de proximidade
É Domingo e o povo acerca-se das assembleias de voto. Cá fora vendem-se castanhas - poucas, as pastelarias nas redondezas estão cheias entre aqueles que fazem o seu cacique, aqueles que pensam ser ilegal fazer de cacique e aqueles que calhou por ali andarem. Reencontram-se colegas de escola que a vida afastou e que o recenseamento na freguesia aos 18 anos ainda aproxima. Vêm-se vizinhos desencontrados que um boa tarde corriqueiro e envergonhado de todos os dias não aproxima. Vêm-se os desconhecidos conhecidos próprios da cidade, aqueles que sempre por ali estiveram, a subir a nossa rua, a comprar na nossa mercearia. Aqueles que sempre vemos e nunca falamos. De repente estamos ali todos. Uns a uma hora, outros a outra, embora o acordo tácito é o de ir quando estiver mais gente - é a dominical confraternização laica dos dias que correm. Ou devia ser. Que esta gente nunca é muita gente, não é a gente necessária e à senhora das castanhas não chegou para ganhar o dia.
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