Ministério da Propaganda
Ele não fazia horas extra nem trabalhava aos fins de semana e quando lhe disseram de qual ministério se tratava ele logo suspeitara, associava-o aos regimes totalitários do século XX europeu. Mas não. Era certo que o salário não era dos melhores mas trabalhar para o Estado conferia-lhe uma importância que ele não podia desprezar e a suspeita assim se esfumou. Tinha de entrar para uma função pública que era pública por ser única e por ser do Estado, o salário era único, dava para as despesas e para tirar os filhos da escola uma vez ou outra.
Acordava todos os dias às 6 da manhã e começava o dia a trabalhar. O primeiro sorriso, o primeiro beijo na moldura com a fotografia dos miúdos. Passava todo o dia a distribuir sorrisos, isto ainda a caminho do edifício da Avenida da Elite onde os gabinetes da sua delegação do ministério passavam bem despercebidos. Nos autocarros, nos metros, nas bibliotecas, nos elevadores, por todo o lado naquela que era a sua zona, ele sorria, desejava um bom dia e dava dois dedos de conversa. Era este o seu trabalho, vender felicidade instantânea, fugaz, efémera. Tudo o que tinha de fazer era dar o seu lugar, ceder passagem numa entrada, comprar o jornal e beber a bica. Continuar assim a viver o seu dia-a-dia no dia dos outros. Ajudar ideais em formas de simpatia e esperança num futuro. Não havia dia em que o seu olhar não trouxesse uma luz e o seu sorriso um brilho. Alquimia capaz de o promover passado um ano, alquimia capaz de encadear um mundo escuro, deixando-o assim, cada vez mais cego.
Acordava todos os dias às 6 da manhã e começava o dia a trabalhar. O primeiro sorriso, o primeiro beijo na moldura com a fotografia dos miúdos. Passava todo o dia a distribuir sorrisos, isto ainda a caminho do edifício da Avenida da Elite onde os gabinetes da sua delegação do ministério passavam bem despercebidos. Nos autocarros, nos metros, nas bibliotecas, nos elevadores, por todo o lado naquela que era a sua zona, ele sorria, desejava um bom dia e dava dois dedos de conversa. Era este o seu trabalho, vender felicidade instantânea, fugaz, efémera. Tudo o que tinha de fazer era dar o seu lugar, ceder passagem numa entrada, comprar o jornal e beber a bica. Continuar assim a viver o seu dia-a-dia no dia dos outros. Ajudar ideais em formas de simpatia e esperança num futuro. Não havia dia em que o seu olhar não trouxesse uma luz e o seu sorriso um brilho. Alquimia capaz de o promover passado um ano, alquimia capaz de encadear um mundo escuro, deixando-o assim, cada vez mais cego.
[Foto via Literaturismo]
1 comentário:
Obrigada pela visita e pela referência! Hei-de parar por aqui mais vezes.
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