sábado, janeiro 27

Coincidências

«Sim, são três letrinhas
Todas bonitinhas
Fáceis de dizer
Ditas por você
Nesse seu sim, assim

Outras três também
Representam não
Que não fica bem no seu coração

(...)»

"Três Letrinhas", Marisa Monte in Universo ao meu redor

sexta-feira, janeiro 26

Diálogos

- Bragança?! Bragança é talvez a cidade mais pobre de Portugal!
- Mais pobre? Em Bragança todos têm a sua casa, todos têm o seu quintal, o seu trabalhito.
- Não brinques comigo... vais-me comparar a riqueza de Lisboa, por exemplo, com a de Bragança ?
- Claro que não, em Bragança não existem pessoas que passam fome extrema e que dormem na rua.

24 julho de 2004

Ela parou no sinal vermelho. Foi a altura ideal para sair. Quase em movimento, diga-se. A condução não lhe era um ponto forte, ainda para mais lavada em lágrimas. Esperei um pouco cá fora. Não esperei, fiquei inerte. Foram três segundos sem uma palavra. Chorámos todas as mágoas. Arrependemos-nos de todas as discussões. Esgotámos ali uma ternura raivosa. Foi assim que aconteceu. Era assim que tinha que acontecer. No emoção que se seguiu já o sinal estava aberto.

quinta-feira, janeiro 25

Encontrar sem despistar

Focar o objectivo aguça o engenho. Em época de pesquisa e investigação para trabalhos académicos é sempre importante ouvir palavras sábias. Eu, que tenho uma atitude bipolar (?!) face ao estudo - ora estudo muito e traço entusiasmantes metas, como desisto muitas vezes devido à percepção nítida que não as vou alcançar - devia mais amiúde lembrar-me que «Para fazer grandes descobertas é preciso fazer perguntas simples». Tim Hunt, Prémio Nobel da Medicina em 2001. [Ontem na Gulbenkian].


quarta-feira, janeiro 24

Um caso delicado

Com tempo e dinheiro comprava e lia este livro de David Leavitt, Florença: Um caso delicado. Para talvez reencontrar.


“Florença é a única cidade europeia cujos cidadãos mais ilustres, pelo menos ao longo dos últimos cerca de cento e cinquenta anos, têm todos sido estrangeiros.”






















Ed. ASA e Ed. Bloomsbury

Alguém já deve ter dito isto

Num certo ponto de vista que eu não sei apelidar, o problema dos alcóolicos não é merda que fazem quando estão alcoolizados mas a merda em que ficam quando não estão.

Late New Year's Resolutions

Encontrar um tom é difícil. Neste blogue que demorou dois meses a ter um nome, que ainda por cima é roubado, procuro nada mais do que escrever. Mas isso não lhe define o tom. Mas se disser que vou escrever o que realmente me apetece escrever - isto já ajuda. Seja isto o que for. E é por isso que este espaço é pessoal sem ser íntimo, libertador sem ser catártico e real com laivos incandescentes de fantasia. Até ver, é o meu blogue e é para mim que escrevo. Daí que sirva este post para afirmar que no próximo mês: Não acordo depois das 11h da manhã. Não levo o portátil para a cama. Ponto. Seja para escrever ou para ver séries. Ponto Final. Não perco tempo com jogos online. Jantar em casa, é jantar à mesa. Vou beber no mínimo um litro e meio de água por dia e vou procurar mastigar mais vezes. Para já é tudo. O que já é muito.

Mudança

Não há nada em que eu tenha mais experiência - experiência de vida. Venham velhos de 80 anos, conservadores e salazaristas dizerem-me o que acham do mundo e da juventude, que eu respondo-lhes: «Meu amigo, eu já levo 22 anos disto!» E já viram o que é levar 22 anos de alguma coisa? É muito tempo. E é do alto desse saber de experiências feito, que eu me levanto e digo: O principal desafio do Homem é a Mudança. A defesa desta ideia, faço-a com outros 22 anos em cima.

terça-feira, janeiro 23

Desencontros

São desencontros quando passaste um fim de semana num Douro que banha Amarante e não foste ao Museu Amadeo de Souza-Cardoso, ou quando deixas passar até o regime sempre aberto de uma exposição que de tão longa se tornou curta para a visitares - Diálogo de Vanguardas.


Bons encontros

Ciclo Rossellini. Um ciclo que abre com a "triologia da guerra" composta por Roma, Paisà e Germania Anno Zero, nos dias 30 e 31 de Janeiro, na Cinemateca Portuguesa.

Cansei de Ser Sexy. Banda Electro-Pop, oriunda da cidade de São Paulo no Brasil, dia 4 de Abril, na discoteca Lux em Lisboa.

Fracassos

O vôo parte às 15h e aterra pelas 17h40. Daí, apanho o autocarro até ao centro, que com aquele trânsito me deve demorar pelo menos mais três capítulos do livro novo. Com a espera dá outro. Depois é o comboio, duas horas e meia com tudo ainda para ler. Com encontros e desencontros não chego antes de desistir de te procurar.

segunda-feira, janeiro 22

Short Message Service

Por vezes só quero uma pergunta, apenas uma pergunta para me dar uma possibilidade de dar mais uma resposta, para daí passar a perguntar. Uma pergunta que me dá a possibilidade de receber apenas mais uma mensagem. De mensagem em mensagem. De pergunta em pergunta. Sem resposta alguma.

Surrealismo Cinza e Pastel

Lembro-me quando acordaste como a manhã. Estranha forma de ser, a tua, que existes sempre em sintonia com o quadro que pintas e onde te retratas. Se olhasses bem verias que estava a chover e com a dúvida que te caracterizava, terias retirado qualquer réstia de romantismo que tivesse polvilhado aquele quarto de noites que não nossas. Sabias exactamente o que querias, coisa que eu sempre soube - aquilo que querias, então, antecipei-me e desfiz-te a cama sem antes ter desfeito o meu sonho.

Eu respirava aquela manhã com o cheiro das roupas que não tinham saído do meu corpo, com a brisa que irrompia pela janela que abriste displicentemente naquela manhã de Janeiro. Já não havia quarto naquele espaço do qual as colchas que ficaram eram única testemunha. O frio despertava-me de um sono do qual eu não queria acordar. Era um sono de luz acesa, um sono de dois corpos vestidos que se estranhavam na intimidade. Um sono que se sabia o último e que por isso não poderia acordar com uma manhã cinzenta. Não podia terminar.

A manhã cinzenta se calhar fui eu que a pintei... talvez não fosse o teu rosto pálido e triste da última noite mas sim o meu rosto, pálido e triste daquela que era a tua e a nossa última noite. Sempre pensei que tinhas tu encomendado aquele céu. Porque na realidade sempre esperei tanto e tão pouco da tua alegria. Na realidade não te sabia mulher, não te sabia amiga e não te sabia amante. Não te sabia ao mesmo tempo que tentava te saber inteira. Completa. Como foste sempre tão confusa e tão delirante!

Saíste de casa preocupada e eu não abri a boca. Tudo continuava como se tudo fosse o que sempre foi. Os carros, as motas, as pessoas, os vendedores, os que corriam e os que passeavam. Mas nós não éramos e não acontecemos ali porque nunca acontecemos. Porque se tivéssemos que acontecer seria ali. E eu dei-te um beijo. E tu não me lembro do que disseste. Eu sabia que querias ir embora, mas não te parei para quereres ficar. E agora penso nisso. E agora isso consome-me.

E tu foste-te embora e voltaste num segundo. Como sempre. Mas desta vez voltaste para sempre naquilo que foi o nosso último suspiro. E ficaste ali para sempre, presa nesse suspiro. Assaltaste-me os sentidos e eu sem poder sentir nada... suspirava, não acreditando que tu eras bela e que tu eras uma gargalhada e que tu foste cruel em tons cinza e pastel numa paleta de cores que só tu sabes usar em mim.

segunda-feira, janeiro 15

Vinícius falou bonito

«A arte do encontro» porque eu não vejo a vida de outra forma. Vida como um complexo meio e sistema através do qual nos encontramos e desencontramos com os outros e connosco. «Encontro» como modo de vida. «Desencontro» como intervalo. Com ou sem palavras, com ou sem olhares, mas cheio de intenção embora por vezes sem intenção nenhuma.